Entrevista com a Concurseira.Net



Inauguramos mais uma seção no Portal de Preparo Emocional e aqui em nosso blog, a de entrevistas. Toda semana conversaremos com um concurseiro que vem dando conta do recado rumo à aprovação em concursos públicos, e também dando uma força para os colegas, fazendo um trabalho cooperativo, como é o caso de Monique Muniz, mais conhecida como Concureira.Net. 

Autora do blog Concurseira.Net, ela nos contou que criou o blog em março de 2011, após passar por alguns momentos difíceis, onde percebeu o quanto o lado emocional desequilibrado pode atrasar o alcance de um objetivo. Criando o blog ela formou uma rede de concurseiros, onde pode ouvir e contar histórias de superação e de aprovações, semelhantes a dela.


Para administrar este ambiente cooperativo, que chegou este mês a 300.000 acessos - são 1.500 acessos diários-, Monique implementa em seu cotidiano os ensinamentos da faculdade de administração e de técnica de administração do tempo. Para ir conquistando tal disciplina, veja só pelo que ela passou.


Monique, você estuda para concurso há cinco anos. Como tem sido essa sua jornada de estudo?  

Comecei a estudar firme em 2005 quando fui fazer Administração. Na época, queria entrar para a Polícia Federal, mas enquanto fazia faculdade, prestava concursos para nível médio, pois sempre tive o sonho de ser servidora pública. Acho o setor público mais tranqüilo, mais justo. 

O que a motiva seguir em frente, onde busca tanta determinação?

Venho de uma família muito pobre. Meus avós são analfabetos e meus pais não tiveram o direito de terminar o ensino fundamental porque precisavam trabalhar. Como sou filha única, minha mãe investiu na minha educação e fez questão que eu estudasse num dos melhores colégios da região onde eu morava, que para ingressar, aos 7 anos, tive que fazer o meu primeiro concurso. A minha motivação vem da vida da minha mãe que não teve a mesma oportunidade que eu tive, vem do meu esposo que se esforça e acredita no meu sonho, da minha família que sonha junto comigo. 


Neste período, falando sobre o lado emocional, quais sentimentos foram mais avassaladores e qual ainda te incomoda?

O sentimento mais difícil de lidar é o do “quase lá”. Nesses anos, fiquei muitas vezes de fora de concursos por 1 ou 2 pontos. É uma sensação de impotência incrível. Muitas vezes bate um desespero, um desânimo. Quando fiz MPE-RJ, em dezembro do ano passado, fiquei por 1 ponto na prova de Analista. Meu mundo “balançou”. Foram 6 meses me preparando para essa prova e eu tinha uma certa convicção de que ia passar. O mais difícil é o recomeço. Esquecer o passado e zerar tudo para começar de novo é bem difícil.

Você conhece o trabalho de preparo emocional, já fez algum? Se a resposta for positiva, quais benefícios percebeu em você?
Durante esse tempo de concursos, nunca fiz nenhum trabalho de preparo emocional, mas já consigo perceber que esse trabalho é importante, pois a concorrência está muito mais acirrada. Os concurseiros estão “profissionais dos concursos públicos” onde só estudar te deixa em igualdade com todos, mas os que passam precisam estar “um passo a frente” dos outros. É aquele milésimo de segundo entre o corredor que vence e o que chega em 2º lugar.

Você trabalha? Como concilia o estudo com o trabalho?

Até abril deste ano eu trabalhava como Assistente Financeiro numa empresa de terceirização de mão de obra. Porém trabalhava quando estava na empresa e levava trabalho para casa e isso me consumia muito, então tive que optar entre a empresa e os concursos. Não foi uma decisão muito fácil, mas acreditei  no meu potencial e sai. Por conta disso, minha ansiedade, minha auto -cobrança e a pressa de querer passar o mais rápido possível aumentou, porque hoje só o meu esposo trabalha para nos sustentar.

Quantos concursos já fez? Tem se posicionado bem? 

Já perdi as contas de quantos concursos já fiz. De uns tempos para cá tem sido a história do 1 ponto: Fico de fora da classificação por 1 ou 2 pontos. 

Tem uma área específica?

Gosto de fazer concursos para a minha área de formação acadêmica que é Administração de Empresas e os concursos federais como BACEN, Receita Federal, Petrobrás, meu sonhos de aprovação. Mas como ouve aquela “crise” nos concursos em fevereiro de 2011, com um corte no orçamento para concursos federais, acabei começando a fazer concursos para Tribunais e concursos estaduais. O último que eu fiz foi o TCE-RJ no mês de Julho.

Você foi aprovada para um concurso do Ministério da Saúde e não tomou posse por um acaso, poderia nos contar essa história e falar sobre o transtorno emocional que isso te causou?

A história foi assim: em 2005, uns dos primeiros concursos que eu fiz foi para o Ministério da Saúde para o cargo de nível médio (Aux. Administrativo). Fui aprovada mas não fiquei classificada dentro do número de vagas. Na época, eu era solteira e morava com a minha mãe em cima da casa da minha avó. Com o passar dos anos, eu e minha mãe nos mudamos, eu me casei, mas minha avó mora lá até hoje. Como não fiquei dentro do número de vagas, esqueci desse concurso.

Em dezembro de 2009, eu estava num ritmo frenético de estudos. Tinha terminado a minha faculdade em 2008 e estava estudando para o concurso de Auditor Fiscal da Receita Federal e para o concurso de Analista do Bacen ao mesmo tempo! Isso tudo conciliando com o trabalho. Fui demitida em dezembro de 2009 dessa empresa mas estava tão focada nos concursos que não deu tempo de lamentar. Em Janeiro de 2010 fiz as provas e não fiquei dentro do número de vagas.  Aí bateu um desânimo porque caiu a ficha que eu agora estava sem emprego e não tinha conseguido passar. Decidi esperar um pouco para tentar reorganizar minha vida e começar tudo de novo. 

Monique Muniz, nossa concurseira.net
No início de Fevereiro de 2010, minha avó recebeu naquele meu antigo endereço o AR da convocação para apresentação dos documentos para tomar posse do cargo desse concurso de 2005 do Ministério da Saúde que eu tinha feito. Essa era a última chamada desse concurso que chamou mais de 5 mil aprovados. Minha avó sabe assinar o nome, mas não sabe ler, por isso guardou a carta para quando eu fosse visitá-la, me entregar, como ela sempre fazia. Ela até chegou a me ligar para avisar que tinha carta para mim, mas como era ano de eleição, ela achou e me contou que a carta deveria ser de  algum deputado. Então como não me lembrava desse concurso, não dei muita importância. Só no fim de fevereiro, quando minha mãe foi visita-la e pegou a carta, me ligou imediatamente para me contar que eu havia sido chamada. Isso foi num sábado. Na segunda feira, fui ao local indicado para eu me apresentar. Meu coração não cabia dentro de mim, era uma felicidade sem igual. Imaginava que eu tinha conseguido e todos os meus problemas seriam resolvidos. Porém, quando cheguei ao local, descobri que o prazo do concurso tinha expirado 2 dias antes, e eu tinha perdido a vaga. Tentei explicar a minha situação, mas o rapaz disse que se eu quisesse reivindicar algo, que fosse para a justiça porque ele não podia fazer nada. Entrei em desespero. Daí para a depressão foi um pulo. Larguei tudo. Uma amiga que é advogada, vendo a minha situação, decidiu entrar com o caso na justiça (processo: 2010.51.01.005692-3), mas depois de 1 ano a sentença negou o pedido e não teve jeito, perdi o concurso.

Por mais de um ano eu tomei aversão a estudar para concursos. Não conseguia me conformar com o que tinha acontecido. Minha família sofreu junto. Tanto minha mãe quanto minha avó se sentiram culpadas pelo o que tinha acontecido. Fiquei muito revoltada. No final de 2010, depois de muitas brigas e conversas, decidi voltar a estudar, pegando firme em meados de 2011, quando decidi estudar para o MPE-RJ. Agora, que venham as provas!



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